sábado, 1 de outubro de 2011

O que é ser Cético?

O ceticismo ou cepticismo (derivado do verbo grego σκέπτομαι, transl. sképtomai, "olhar à distância", "examinar", "observar") é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza absoluta a respeito da verdade, o que implica numa condição intelectual de questionamento permanente e na inadmissão da existência de fenômenos metafísicos, religiosos e dogmas(o que constitui uma contradição da própria doutrina, já que a inadmissão é uma certeza absoluta) . O termo originou-se a partir do nome comumente dado a uma corrente filosófica originada na Grécia Antiga.
O ceticismo costuma ser dividido em duas correntes:
  • Ceticismo filosófico - uma postura filosófica em que pessoas escolhem examinar de forma crítica se o conhecimento e percepção que possuem são realmente verdadeiros, e se alguém pode ou não dizer se possui o conhecimento absolutamente verdadeiro;
  • Ceticismo científico - uma postura científica e prática, em que alguém questiona a veracidade de uma alegação, e procura prová-la ou desaprová-la usando o método científico.

 

Ceticismo filosófico

O Ceticismo filosófico originou-se a partir da filosofia grega. Uma de suas primeiras propostas foi feita por Pirro de Élis (360-275 a.C.), que viajou até a Índia numa das campanhas de Alexandre, o Grande para aprofundar seus estudos, e propôs a adoção do ceticismo "prático" (vide também Pirronismo).
Subseqüentemente, na "Nova Academia", Arcesilau (315-241 a.C.) e Carnéades (213-129 a.C.) desenvolveram mais perspectivas teóricas, que refutavam concepções absolutas de verdade e mentira. Carneades criticou as visões dos dogmatistas, especialmente os defensores do estoicismo, alegando que a certeza absoluta do conhecimento é impossível. Sexto Empírico (200 d.C.), a maior autoridade do ceticismo grego, desenvolveu ainda mais a corrente, incorporando aspectos do empirismo em sua base para afirmar o conhecimento.
Ou seja,o ceticismo filosófico é procurar saber, não se contentando com a ignorância fornecida atualmente pelos meios públicos, por meio da dúvida. Opõem-se ao dogmatismo, em que é possível conhecer a verdade.

 

Ceticismo científico

O ceticismo científico tem relação com ceticismo filosófico, mas eles não são idênticos. Muitos praticantes do ceticismo científico não são adeptos do ceticismo filosófico clássico. Quando críticos de controvérsias científicas, terapias alternativas ou paranormalidades são ditos céticos, isto se refere apenas à postura cética científica adotada.
O termo cético é usado atualmente para se referir a uma pessoa que tem uma posição crítica em determinada situação, geralmente por empregar princípios do pensamento crítico e métodos científicos (ou seja, ceticismo científico) para verificar a validade de idéias. Os céticos vêem a evidência empírica como importante, já que ela provê provavelmente o melhor modo de se determinar a validade de uma idéia.
Apesar de o ceticismo envolver o uso do método científico e do pensamento crítico, isto não necessariamente significa que os céticos usem estas ferramentas constantemente.
Os céticos são freqüentemente confundidos com, ou até mesmo apontados como, cínicos. Porém, o criticismo cético válido (em oposição a dúvidas arbitrárias ou subjetivas sobre uma idéia) origina-se de um exame objetivo e metodológico que geralmente é consenso entre os céticos. Note também que o cinismo é geralmente tido como um ponto de vista que mantém uma atitude negativa desnecessária acerca dos motivos humanos e da sinceridade. Apesar de as duas posições não serem mutuamente exclusivas e céticos também poderem ser cínicos, cada um deles representa uma afirmação fundamentalmente diferente sobre a natureza do mundo.
Os céticos científicos constantemente recebem também, acusações de terem a "mente fechada"  ou de inibirem o progresso científico devido às suas exigências de evidências cientificamente válidas. Os céticos, por sua vez, argumentam que tais críticas são, em sua maioria, provenientes de adeptos de disciplinas pseudocientíficas, tais como homeopatia, reiki, paranormalidade e espiritualismo,[2][3][4][5] cujas visões não são adotadas ou suportadas pela ciência convencional. Segundo Carl Sagan, cético e astrônomo, "você deve manter sua mente aberta, mas não tão aberta que o cérebro caia".
A necessidade de evidências cientificamente adequadas como suporte a teorias é mais evidente na área da saúde, onde utilizar uma técnica sem a avaliação científica dos seus riscos e benefícios pode levar a piora da doença, gastos financeiros desnecessários e abandono de técnicas comprovadamente eficazes. Por esse motivo, no Brasil é vedado aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica.

 

Desenganadores

Um desenganador (em inglês: debunker) é um cético engajado no combate a charlatões e idéias que, na sua visão, são falsas e não-científicas.
Alguns dos mais famosos são: James Randi, Basava Premanand, Penn e Teller e Harry Houdini.
Religiosos contrários aos grupos de céticos desenganadores dizem que suas conclusões estão cheias de interesse próprio e que nada mais são que novos movimentos de cruzadas de crentes  com a necessidade de assim se afirmarem.
Entretanto, quando esses mesmos críticos são chamados a comprovar cientificamente suas teorias e alegações, a maioria dos religiosos refugam à qualquer tipo de discussão preferindo partir para ataques pessoais contra os céticos (segundo randi.org, um portal auto-denominado cético).

 

Pseudo-ceticismo

O termo pseudo-ceticismo ou ceticismo patológico é usado para denotar as formas de ceticismo que se desviam da objetividade. A análise mais conhecida do termo foi conduzida por Marcello Truzzi que, em 1987, elaborou a seguinte conceituação:
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".
 
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Em sua análise, Marcello Truzzi argumentou que os pseudo-céticos apresentam a seguinte conduta:
  • A tendência de negar, ao invés de duvidar.
  • Utilização de padrões de rigor acima do razoável na avaliação do objeto de sua crítica.
  • A realização de julgamentos sem uma investigação completa e conclusiva.
  • Tendência ao descrédito, ao invés da investigação.
  • Uso do ridículo ou de ataques pessoais.
  • A apresentação de evidências insuficientes.
  • A tentativa de desqualificar proponentes de novas idéias taxando-os pejorativamente de 'pseudo-cientistas', 'promotores' ou 'praticantes de ciência patológica'.
  • Partir do pressuposto de que suas críticas não tem o ônus da prova, e que suas argumentações não precisam estar suportadas por evidências.
  • A apresentação de contra-provas não fundamentadas ou baseadas apenas em plausibilidade, ao invés de se basearem em evidências empíricas.
  • A sugestão de que evidências inconvincentes são suficientes para se assumir que uma teoria é falsa.
  • A tendência de desqualificar 'toda e qualquer' evidência.
O termo pseudo-ceticismo parece ter suas origens na filosofia, na segunda metade do século 19.

 

Um comentário:

  1. Ceticismo filosófico não é isso que você disse e não existe "ceticismo científico". Confira o texto sobre esse assunto do Igor Roosevelt, no recanto das letras.

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