quarta-feira, 13 de março de 2013

Conheça papas que renunciaram e o que aconteceu após saída do Vaticano Bento XVI saúda católicos pela primeira vez como Papa após Conclave, em 19 de abril de 2005 Foto: AFP Bento XVI saúda católicos pela primeira vez como Papa após Conclave, em 19 de abril de 2005 Foto: AFP * * Embora a possibilidade de renúncia de um papa esteja prevista no Código de Direito Canônico, a decisão de Bento XVI de abrir mão do comando da Igreja Católica causou surpresa em fiéis e até mesmo na cúpula do Vaticano. Isso porque a situação é incomum, já que o último pontífice a renunciar foi Gregório XII, há quase 600 anos. Historiadores ainda divergem sobre o número de papas que renunciaram aos seus postos, mas há unanimidade em três casos: Ponciano, Celestino V e Gregório XII. Segundo o historiador medieval Donald Prudlo, professor da Universidade do Alabama, por ser uma situação extremamente rara, a decisão da renúncia abre um questionamento sobre o que acontece com o papa após abdicar do cargo. Saiba Mais * Do soldado de Hitler a paixão pelo piano: veja trajetória de Bento XVI * Papa Bento XVI vai renunciar no dia 28 de fevereiro * 'Quem entra papa sai cardeal', diz arcebispo brasileiro sobre conclave Ele explicou à Rádio do Vaticano que um dos casos mais conhecidos é o de Celestino V, que após a renúncia acabou sendo colocado em uma espécie de cela, em uma vida reclusa sob supervisão do novo pontífice, Bonifácio VIII. Situação diferente viveu o último papa a renunciar antes de Bento XVI. "Gregório, por outro lado, viveu o resto de sua vida como um bispo muito respeitado", afirma. De acordo com ele, apesar do "choque" que a renúncia de Bento XVI causou, a Igreja Católica está preparada para enfrentar o desafio de escolher um novo papa com o antecessor ainda em vida. Veja a seguir a trajetória dos papas que renunciaram a seus cargos: Ponciano O papa Ponciano renunciou em 235 d.C Foto: Reprodução O papa Ponciano renunciou em 235 d.C Foto: Reprodução Segundo Donald Prudlo, as primeiras evidências sobre a possibilidade de renúncia de um papa vem do ano de 235 d.C., com São Ponciano. O italiano nascido em 175 assumiu o comando da Igreja Católica após um conclave em 230, uma época marcada por pela divisão do catolicismo. Ponciano e outros líderes da Igreja foram exilados pelo imperador romano Maximino Trácio na Sardenha, uma ilha do mar Mediterrâneo. Percebendo que jamais conseguiria retornar ao Vaticano, decidiu renunciar ao posto. Celestino V Celestino V renunciou em 1234 Foto: Getty Images Celestino V renunciou em 1234 Foto: Getty Images São Celestino V renunciou à função no mesmo ano de sua eleição, em 1294. Ele vivia como eremita até a sua nomeação como papa e não se sentiu preparado para assumir a liderança da Igreja. A escolha de um desconhecido foi a opção do conclave para acabar com a guerra pela sucessão de Nicolau IV, morto dois anos antes. Mas o novo Papa rapidamente expôs as razões que o impediam de desempenhar suas funções: sua humildade e saúde. Ele abdicou em 13 de dezembro de 1294 e alguns dias depois o cardeal Bento Gaetani foi eleito para sucedê-lo sob o nome de Bonifácio VIII. O novo papa tentou manter Celestino a seu lado, mas o monge tentou escapar e se juntar novamente à sua ordem, que passou a adotar o nome de "Celestinos". No entanto, ele foi capturado pelos guardas do Papa e passou a viver em uma espécie de cela. Celestino V morreu em 1296 e está sepultado na igreja de sua ordem em Aquila. Gregório XII Gregório XII renunciou em 1415 Foto: Getty Images Gregório XII renunciou em 1415 Foto: Getty Images Nascido em Veneza em 1327, Angelo Correr foi eleito papa com mais de 80 anos de idade. Ele assumiu o posto em 1406, com o nome de Gregório XII. A renúncia ocorreu em 1415, como parte de uma negociação no Concílio de Constança para acabar com as disputas de poder dentro da Igreja durante o período do Grande Cisma do Ocidente – uma crise na Igreja Católica que perdurou de 1378 a 1417. Como seu sucesso, foi eleito Marinho V. Gregório se tornou um bispo respeitado e morreu um ano depois.



Conheça papas que renunciaram e o que aconteceu após saída do Vaticano

Bento XVI saúda católicos pela primeira vez como Papa após Conclave, em 19 de abril de 2005 Foto: AFP
Bento XVI saúda católicos pela primeira vez como Papa após Conclave, em 19 de abril de 2005 Foto: AFP



Embora a possibilidade de renúncia de um papa esteja prevista no Código de Direito Canônico, a decisão de Bento XVI de abrir mão do comando da Igreja Católica causou surpresa em fiéis e até mesmo na cúpula do Vaticano. Isso porque a situação é incomum, já que o último pontífice a renunciar foi Gregório XII, há quase 600 anos.

Historiadores ainda divergem sobre o número de papas que renunciaram aos seus postos, mas há unanimidade em três casos: Ponciano, Celestino V e Gregório XII. Segundo o historiador medieval Donald Prudlo, professor da Universidade do Alabama, por ser uma situação extremamente rara, a decisão da renúncia abre um questionamento sobre o que acontece com o papa após abdicar do cargo.


Ele explicou à Rádio do Vaticano que um dos casos mais conhecidos é o de Celestino V, que após a renúncia acabou sendo colocado em uma espécie de cela, em uma vida reclusa sob supervisão do novo pontífice, Bonifácio VIII. Situação diferente viveu o último papa a renunciar antes de Bento XVI. "Gregório, por outro lado, viveu o resto de sua vida como um bispo muito respeitado", afirma. De acordo com ele, apesar do "choque" que a renúncia de Bento XVI causou, a Igreja Católica está preparada para enfrentar o desafio de escolher um novo papa com o antecessor ainda em vida.

Veja a seguir a trajetória dos papas que renunciaram a seus cargos:

Ponciano
O papa Ponciano renunciou em 235 d.C Foto: Reprodução
O papa Ponciano renunciou em 235 d.C Foto: Reprodução
Segundo Donald Prudlo, as primeiras evidências sobre a possibilidade de renúncia de um papa vem do ano de 235 d.C., com São Ponciano.  O italiano nascido em 175 assumiu o comando da Igreja Católica após um conclave em 230, uma época marcada por pela divisão do catolicismo.  

Ponciano e outros líderes da Igreja foram exilados pelo imperador romano Maximino Trácio na Sardenha, uma ilha do mar Mediterrâneo. Percebendo que jamais conseguiria retornar ao Vaticano, decidiu renunciar ao posto.

Celestino V
Celestino V renunciou em 1234 Foto: Getty Images
Celestino V renunciou em 1234 Foto: Getty Images
São Celestino V renunciou à função no mesmo ano de sua eleição, em 1294. Ele vivia como eremita até a sua nomeação como papa e não se sentiu preparado para assumir a liderança da Igreja. A escolha de um desconhecido foi a opção do conclave para acabar com a guerra pela sucessão de Nicolau IV, morto dois anos antes. Mas o novo Papa rapidamente expôs as razões que o impediam de desempenhar suas funções: sua humildade e saúde. Ele abdicou em 13 de dezembro de 1294 e alguns dias depois o cardeal Bento Gaetani foi eleito para sucedê-lo sob o nome de Bonifácio VIII.

O novo papa tentou manter Celestino a seu lado, mas o monge tentou escapar e se juntar novamente à sua ordem, que passou a adotar o nome de "Celestinos". No entanto, ele foi capturado pelos guardas do Papa e passou a viver em uma espécie de cela. Celestino V morreu em 1296 e está sepultado na igreja de sua ordem em Aquila.

Gregório XII
Gregório XII renunciou em 1415 Foto: Getty Images
Gregório XII renunciou em 1415 Foto: Getty Images
Nascido em Veneza em 1327, Angelo Correr foi eleito papa com mais de 80 anos de idade. Ele assumiu o posto em 1406, com o nome de Gregório XII. A renúncia ocorreu em 1415, como parte de uma negociação no Concílio de Constança para acabar com as disputas de poder dentro da Igreja durante o período do Grande Cisma do Ocidente – uma crise na Igreja Católica que perdurou de 1378 a 1417. Como seu sucesso, foi eleito Marinho V. Gregório se tornou um bispo respeitado e morreu um ano depois.

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