Conheça papas que renunciaram e o que aconteceu após saída do Vaticano

Embora a possibilidade de renúncia de um papa esteja
prevista no Código de Direito Canônico, a decisão de Bento XVI de abrir
mão do comando da Igreja Católica causou surpresa em fiéis e até mesmo
na cúpula do Vaticano. Isso porque a situação é incomum, já que o último
pontífice a renunciar foi Gregório XII, há quase 600 anos.
Historiadores ainda divergem sobre o número de papas que
renunciaram aos seus postos, mas há unanimidade em três casos:
Ponciano, Celestino V e Gregório XII. Segundo o historiador medieval
Donald Prudlo, professor da Universidade do Alabama, por ser uma
situação extremamente rara, a decisão da renúncia abre um questionamento
sobre o que acontece com o papa após abdicar do cargo.
- Do soldado de Hitler a paixão pelo piano: veja trajetória de Bento XVI
- Papa Bento XVI vai renunciar no dia 28 de fevereiro
- 'Quem entra papa sai cardeal', diz arcebispo brasileiro sobre conclave
Ele explicou à Rádio do Vaticano que um dos
casos mais conhecidos é o de Celestino V, que após a renúncia acabou
sendo colocado em uma espécie de cela, em uma vida reclusa sob
supervisão do novo pontífice, Bonifácio VIII. Situação diferente viveu o
último papa a renunciar antes de Bento XVI. "Gregório, por outro lado,
viveu o resto de sua vida como um bispo muito respeitado", afirma. De
acordo com ele, apesar do "choque" que a renúncia de Bento XVI causou, a
Igreja Católica está preparada para enfrentar o desafio de escolher um
novo papa com o antecessor ainda em vida.
Veja a seguir a trajetória dos papas que renunciaram a seus cargos:
Ponciano

Segundo Donald Prudlo, as primeiras evidências sobre a
possibilidade de renúncia de um papa vem do ano de 235 d.C., com São
Ponciano. O italiano nascido em 175 assumiu o comando da Igreja
Católica após um conclave em 230, uma época marcada por pela divisão do
catolicismo.
Ponciano e outros líderes da Igreja foram exilados pelo
imperador romano Maximino Trácio na Sardenha, uma ilha do mar
Mediterrâneo. Percebendo que jamais conseguiria retornar ao Vaticano,
decidiu renunciar ao posto.
Celestino V

São Celestino V renunciou à função no mesmo ano de sua
eleição, em 1294. Ele vivia como eremita até a sua nomeação como papa e
não se sentiu preparado para assumir a liderança da Igreja. A escolha de
um desconhecido foi a opção do conclave para acabar com a guerra pela
sucessão de Nicolau IV, morto dois anos antes. Mas o novo Papa
rapidamente expôs as razões que o impediam de desempenhar suas funções:
sua humildade e saúde. Ele abdicou em 13 de dezembro de 1294 e alguns
dias depois o cardeal Bento Gaetani foi eleito para sucedê-lo sob o nome
de Bonifácio VIII.
O novo papa tentou manter Celestino a seu lado, mas o
monge tentou escapar e se juntar novamente à sua ordem, que passou a
adotar o nome de "Celestinos". No entanto, ele foi capturado pelos
guardas do Papa e passou a viver em uma espécie de cela. Celestino V
morreu em 1296 e está sepultado na igreja de sua ordem em Aquila.
Gregório XII

Nascido em Veneza em 1327, Angelo Correr foi eleito papa
com mais de 80 anos de idade. Ele assumiu o posto em 1406, com o nome
de Gregório XII. A renúncia ocorreu em 1415, como parte de uma
negociação no Concílio de Constança para acabar com as disputas de poder
dentro da Igreja durante o período do Grande Cisma do Ocidente – uma
crise na Igreja Católica que perdurou de 1378 a 1417. Como seu sucesso,
foi eleito Marinho V. Gregório se tornou um bispo respeitado e morreu um
ano depois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário