Esse
Post não estava planejado, mas devido as questões pertinentes,
apresentadas pelo Irmão Rogério Carvalho, vamos falar um pouco sobre as
questões polêmicas que envolvem Albert Pike e as citações sobre Satan e
Lúcifer.
Mudei o Título do Post anterior
(adicionando a Parte 1) para que eu pudesse prosseguir dando mais
clareza ao leitor sobre esse ser um Post de continuação.
Irei focar esse Post para explicar melhor as citações do grande Albert Pike.
Quem Foi Albert Pike?
Pike é conhecido por ser o responsável
por uma das obras mais importantes já publicadas, no meio maçônico, que
foi “Moral e Dogma do Rito Escocês Antigo e Aceito”. Mesmo no Brasil já
era uma obra conhecida há muito tempo. Meu avô e seus Irmão de Ordem
recebiam uma cópia dessa obra, nos Graus da Loja de Perfeição (na década
de 60).
A obra foi dividida em várias partes, de
acordo com os “Corpos Maçonicos” (que são os agrupamentos de graus,
dentro de cada Rito).
Muitos dos que não leram nenhum desses
livros ficam com a impressão de ser uma das obras mais místicas já
produzidas na Ordem. Porém, tenho a impressão de que isso acontece
porque todas as citações que fazem da obra envolvem essas questões. Mas a
proposta dela não é exclusivamente nesse sentido.
Pike, por exemplo, fundamenta bem a sua
crítica da República e da Democracia, apresentando uma perspectiva
negativa de futuro, aos adeptos da mesma – cujas consequências lembram
muito as condições atuais da política que vivemos hoje, no Brasil.
Ele também faz reflexões filosóficas importantes acerca dos instrumentos de trabalho maçônicos.
Suas obras também citam a Cabala
Hermética (que estava bem difundida no meio “iniciático” daquela
época) e suas relações com a Ordem e o Rito Escocês Antigo e Aceito. E,
critica um pouco as interpretações simbólicas no Rito de York (falarei
sobre os ritos em um Post futuro).
Mas não vamos nos perder nesses detalhes.
Pike faz muitas referências com relação a
Lúcifer, mas como ter certeza que ele realmente citava o
Lúcifer-Prometheus, já que sua Obra é do Final do século XIX, época em
que justamente começa a disseminação da ideia Lúcifer=Satan?
(…)O verdadeiro nome de
Satã, dizem os cabalistas, é o de Yahveh invertido, pois Satã não é um
deus negro, mas a negação de Deus(…) Até aqui tudo bem, Satan como “adversário” já foi citado aqui no Blog.
(…)Para os Iniciados, ele
não é uma Pessoa, mas uma Força criada para o bem, mas que pode servir o
mal. É o instrumento da Liberdade ou Livre Arbítrio(…) Parte
desse entendimento vem da Cabala Hermética, pois, o próprio Judaísmo
considera Satã como uma força (e que não faz sentido temer, já que, se
ela existe, foi por vontade de Deus).
Em teoria, essa força poderia ser usada para servir o mau, já que se trata de uma “força-cega”. E o que é uma “força-cega”?
Pense em um martelo. Um martelo é “bom”
ou “ruim”? Depende de para qual finalidade você o emprega. Você pode
usá-lo para pregar um prego na parede como pode usá-lo para bater na
cabeça de uma pessoa. Ele age de acordo com a vontade de quem o impõem.
Ele é “neutro”.
(…) o condutor da Luz, ou Substância Fosforescente, do qual os poetas fizeram o falso Lúcifer da lenda (…) Essa
é a primeira citação de Lúcifer na obra de Pike. Logo de cara já fica
evidente que ele não toma como verdade a lenda de Lúcifer, que começa a
tomar corpo na época.
Temos que entender também que a obra é
dividida de acordo com os Graus. Ou seja, o primeiro versa sobre os 3
primeiros graus e, assim por diante. Ou seja, existem referências e
reflexões que só são compreendidas, plenamente, para os que presenciaram
os rituais.
Mas como podemos saber que, por mais que
ele não enxergue Lúcifer como Satan, ele o vê como Prometheus (como
citei em meu último post)?
Ao tratar do Grau 28 (Cavaleiro do Sol)
ele faz uma boa explanação sobre “Lúcifer ser aquele que traz à luz/fogo
do verdadeiro conhecimento para a Maçonaria” – já descartando a
possibilidade de uma possível coincidência, já que Pike demonstra (com
suas várias citações dos deuses Greco-Romanos) ser um bom conhecedor
dessa mitologia.
Mas, até aí, tudo bem. As demais
citações poderiam até continuar sendo entendidas dessa forma, porém, com
relação ao último Grau (o Grau 33), supostamente escrito separadamente –
já que o livro só vai até o trigésimo segundo grau – ele faz (segundo o
“La Femme et L’enfant dans la Franc-Maçonnerie Universelle”) uma
afirmação que praticamente destrói todo o trabalho de tentar explicar a
obra dele.
E é trabalhoso conseguir explicar tudo
isso porque a maioria das pessoas não tem qualquer ideia de como
funcionam as correntes místico-filosóficas (o que dificulta tudo ainda
mais).
Eis a citação:
“A vós, Soberanos Grande
Inspetores Gerais [maçons de Grau 33], dizemos isto… para que repitais
aos irmãos dos Graus 32, 31 e 30… A religião maçônica deve ser, por
todos os iniciados nos graus mais elevados, mantida na pureza da
doutrina luciferiana… Sim, Lúcifer é Deus, e infelizmente, Adonai também
é Deus… a doutrina do satanismo é uma heresia; e a religião pura e
verdadeira é a crença em Lúcifer, que é igual a Adonai; mas Lúcifer,
Deus da Luz, Deus do Bem, está lutando em favor da humanidade contra
Adonai, o Deus das Trevas e do Mal.”
Essa explicação vai demorar um pouco e exige cuidado. Portanto recomendo que você leia e, depois, leia novamente.
A grande maioria das correntes
iniciáticas tem um entendimento em comum sobre “o Deus do Antigo
Testamento não ser o mesmo Deus do Novo Testamento”. Mas como assim?
Você nunca reparou que Deus parece
vingativo no Antigo Testamento, enquanto é um “Deus de amor” no Novo
Testamento? Para isso temos que entender Deus pela concepção Judaica.
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