domingo, 19 de fevereiro de 2012

A ÁRVORE DA VIDA ASSÍRIA

Professor Parpola atualmente vê a Árvore não como uma Árvore propriamente dita, mas como um símbolo visual de múltiplas camadas, um instrumento de auxílio para a memória, que contém não apenas um, mas uma infinidade de significados. A forma da Árvore com sua oposição vertical céu-terra e direita-esquerda fornecia uma estrutura pela qual era possível expressar várias doutrinas interrelacionadas da religião Mesopotâmica e da ideologia real. A Árvore podia ser tomada para refletir a estrutura psíquica do homem perfeito como um equilíbrio de virtudes cardeais; ao mesmo tempo, ela também representava deus e a soma total de seus atributos. Ela podia simbolizar o rei como mediador entre o céu e a terra, mas também a alma como uma entidade que transcendia os limites do céu e da terra. Ela podia ser contemplada como uma imagem do cosmo que consistia do céu, da terra e um mesocosmo de estrelas e dos grandes deuses situados entre eles. Ela podia refletir o conselho divino, tal qual o gabinete assírio, cujos ministros ideologicamente eram imagens dos grandes deuses. A árvore delineava a ascensão da alma pura até os céus.

Todas estas diferentes interpretações têm algo em comum: a crença na habilidade da alma pura de transcender as fronteiras entre os reinos diametralmente opostos do céu e da terra. Esta crença fazia possível, por outro lado, apresentar o rei como o homem perfeito, enviado pelos céus para guiar a humanidade, bem como para manter a esperança de uma ressurreição dos mortos.

Ao representar o rei como o homem perfeito e a imagem de deus, a tornou-se no símbolo principal do império Assírio. No culto de Ishtar, a Árvore deve Ter em principio funcionado como objeto de meditação, como espécie de mandala. Como a personificação humana da Árvore - o homem perfeito - o rei tinha papel importante nos rituais. Ele era o salvador enviado para resgatar os justos, o redentor para aqueles que acreditavam nele. Podemos, portanto, de certa forma entender por que os antigos mespotâmicos escolheram-na como objeto de reverência, conhecimento secreto e contemplação. Palavra escrita alguma pode expressar de forma adequada as idéias complexas sugeridas pelo poderoso símbolo visual. Muito antes pelo contrário, estas tendem a obscurecer e distorcer a mensagem fundamental que pode ser intuitivamente obtida através da contemplação, meditação e estudo da iconografia sagrada, baseados nas fontes do cuneiforme que temos disponíveis.

Naturalmente, a Árvore era apenas um dos símbolos visuais entre muitos outros no mundo antigo. Mas era um símbolo importante na Assíria, comparável à cruz no Cristianismo. Evidentemente, deve-se frisar que qualquer tentativa de se entender a Árvore da Vida Assíria deve estar firmemente fundamentada por evidências assírias. Uma vez que as doutrinas relativas à Árvore eram também secretas, sendo escritas quando muito em linguagem alegórica e velada, deve-se também estudar doutrinas relacionadas como a Cabala, que são melhores conhecidas e sobre as quais encontramos material disponível. Somente com a ajuda de tal abordagem comparativa é que poderemos melhor entender e organizar nossas descobertas de forma coerente e tão fiel aos fatos quanto possível.

Retirado do site: http://www.angelfire.com/me/babiloniabrasil/cabala.html em 17/06/2011


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